terça-feira, 14 de agosto de 2007

15.1 O Tratamento aos Judeus nos Países Árabes/Islâmicos

A SITUAÇÃO ATUAL

Os Judeus na Argélia
População em 1948: 140 mil
Em 2001: menos de 100

A presença de judeus na Argélia contemporânea remonta aos primeiros
séculos da Era Comum. No século XIV, com a deterioração das condições na
Espanha, muitos judeus espanhóis se mudaram para a Argélia. Entre eles
havia uma série de eruditos destacados como Rav Yitschac ben Sheshet
Perfet (o Ribash) e Rav Shimon ben Zemá Duran (o Rashbats). Após a ocupação
do país pela França, em 1830, os judeus adotaram gradualmente a cultura
francesa e lhes foi concedida a cidadania francesa.1

Em 1934, incitados pelos acontecimentos na Alemanha nazista, muçulmanos
de Constantinopla (atual Istambul) em fúria mataram 25 judeus e feriram
muitos outros. Após a independência, em 1962, o governo argelino passou a
atormentar a comunidade judaica e privou os judeus de seus direitos
econômicos. Como resultado disso, quase 130 mil judeus argelinos emigraram
para a França. Desde 1948, 26.681 judeus argelinos emigraram para Israel. A
maioria dos judeus remanescentes vive em Argel, mas também há pessoas em
Orã e Blida. Eles têm liberdade de religião e os líderes da comunidade judaica
fazem parte de funções estatais cerimoniais. Não há um rabino residente.2

Em 1994, a organização terrorista Grupo Islâmico Armado (GIA) declarou
sua intenção de eliminar os judeus da Argélia, mas até agora não há notícia
de ataques.3 Em seguida a esse anúncio, muitos judeus deixaram a Argélia e
a única sinagoga foi abandonada.4 Todas as demais sinagogas já haviam
virado mesquitas.


Os Judeus no Egito
População em 1948: 75 mil
Em 2001: 100

Entre junho e novembro de 1948, bombas lançadas contra o bairro judeu do
Cairo mataram mais de 70 moradores e feriram 200.2 Em 1956, o governo
egípcio usou a campanha do Sinai como pretexto para expulsar quase 25 mil
judeus e confiscar suas propriedades. Aproximadamente outros mil judeus
foram enviados para prisões e campos de detenção. Em 23 de novembro de
1956, uma declaração assinada pelo ministro de Assuntos Religiosos, e lida
em voz alta nas mesquitas por todo o Egito, dizia que “todos os judeus eram
sionistas e inimigos do Estado”, e prometeu que eles seriam expulsos em
breve. Milhares de judeus receberam ordens para deixar o país. Receberam
permissão para levar apenas uma mala e uma pequena soma em dinheiro e
foram obrigados a assinar declarações "doando" suas propriedades ao governo
egípcio. Observadores estrangeiros relataram que membros de famílias
judaicas foram feitos reféns, aparentemente para assegurar que os que
estavam sendo forçados a partir não criticariam o governo egípcio.3

Quando estourou a guerra em 1967, as casas e as propriedades dos judeus
foram confiscadas. A atitude do Egito com relação aos judeus refletia, naquela
época, a de centenas de veteranos nazistas que receberam permissão para
se estabelecer no Egito e ganharam postos no governo. O chefe da Gestapo
polonesa, Leopold Gleim (que havia sido condenado à morte à revelia),
controlava a polícia secreta egípcia.

Em 1979, a comunidade judaica do Egito foi a primeira do mundo árabe a
estabelecer contato oficial com Israel, que agora tem uma embaixada no
Cairo e um consulado geral em Alexandria. Atualmente, os poucos judeus
remanescentes têm liberdade para praticar o judaísmo sem restrições ou
atribulações. A sinagoga Shaar Hashamaim é a única em funcionamento no
Cairo. Das muitas sinagogas de Alexandria, somente a Eliahu Hanavi está
aberta para serviços religiosos.4

O anti-semitismo na imprensa egípcia é encontrado principalmente, mas
não exclusivamente, nos jornais de oposição. O governo tem condenado o
anti-semitismo e aconselhando jornalistas e caricaturistas a evitar o antisemitismo.
Não têm ocorrido incidentes anti-semitas nos últimos anos contra
a minúscula comunidade judaica.5

Em setembro de 2000, iniciou-se a construção de uma ponte rodoviária
sobre o antigo cemitério judaico de Basatin, no Cairo. O ministério da Habitação
do Egito e o grupo de judeus ultra-ortodoxos americanos Atra Cadisha
forneceram cooperação e recursos. As obras não afetarão qualquer túmulo e
respeitarão a lei judaica que diz respeito a cemitérios.

O anti-semitismo é crescente na imprensa controlada pelo governo e aumentou
em 2000 e 2001, após o reinício da violência em Israel e nos territórios. Em
abril de 2001, o colunista Ahmed Ragheb lamentou o fracasso de Hitler em
aniquilar os judeus. Em maio de 2001, um artigo no jornal Al-Akhbar atacou
europeus e americanos por acreditarem num falso Holocausto.6

Os Judeus no Irã
População em 1948: 100 mil
Em 2001: 11.500

A comunidade judaica da Pérsia, atual Irã, é uma das mais antigas da diáspora
e suas raízes históricas remontam ao século VI AEC, à época do primeiro
templo. Sua história no período pré-islâmico está entrelaçada com a dos
judeus da vizinha Babilônia. Ciro, o primeiro da dinastia Aquemênida,
conquistou a Babilônia em 539 AEC e permitiu aos exilados judeus que
retornassem à terra de Israel, encerrando o primeiro exílio. As colônias judaicas
estavam dispersas nas regiões centrais da Babilônia e até as províncias
persas e cidades como Hamadã e Susã.

Os livros de Ester, Esdras, Neemias e Daniel dão uma descrição favorável do
relacionamento entre os judeus e a corte dos aquemênidas em Susã. Sob a
dinastia Sassânida (226-642 EC), a comunidade judaica da Pérsia cresceu
consideravelmente e se espalhou pela região; todavia, os judeus foram
sistematicamente oprimidos e perseguidos. A invasão dos árabes
muçulmanos em 642 EC acabou com a independência da Pérsia, instalou o
Islã como religião oficial e causou um profundo impacto sobre os judeus, por
modificar o seu status sócio-político. Durante o século XIX, os judeus foram
perseguidos e discriminados. Houve ocasiões em que comunidades inteiras
foram forçadas à conversão. Ocorreu uma considerável emigração para a
Terra de Israel e o movimento sionista espalhou-se por toda a comunidade.

Sob a dinastia Pahlevi, estabelecida em 1925, o país foi secularizado e
ocidentalizado. Isso foi muito benéfico para os judeus, que foram emancipados
e desempenharam um importante papel na economia e na vida cultural. Às
vésperas da revolução islâmica de 1979, 80 mil judeus viviam no Irã. Com o
início da revolta, dezenas de milhares, especialmente os mais ricos,
abandonaram o país, deixando para trás valioso patrimônio.

O Conselho da Comunidade Judaica, estabelecido após a Segunda Guerra
Mundial, é o órgão representativo da comunidade. Os judeus também têm
um representante no Parlamento que é obrigado, por lei, a apoiar a política
exterior iraniana e sua posição anti-sionista. Apesar da distinção oficial
entre judeus, sionistas e Israel, a acusação mais comum enfrentada pelos
judeus é a de manter contatos com sionistas.

A comunidade judaica desfruta de uma certa liberdade religiosa, mas enfrenta
a suspeita constante de cooperar com o Estado sionista e a "América
imperialista" – ambas atividades puníveis com a morte. Judeus que pedem
um passaporte para viajar ao exterior só podem fazê-lo num escritório especial
e são imediatamente colocados sob vigilância. Em geral, o governo não
permite que todos os membros de uma mesma família viajem ao mesmo
tempo, a fim de impedir a emigração judaica. Devido às restrições impostas
a minorias religiosas, os judeus vivem mais uma vez sob a condição de
dhimi. Seus líderes temem represálias do governo e chamam a atenção para
os maus tratos sofridos por suas comunidades.

A mídia oficial divulga propaganda anti-semita regularmente. Um exemplo
claro é a publicação estatal dos Protocolos dos Sábios de Sion, uma notória
fraude czarista, em 1994 e 1999.2 Os judeus também sofrem diversos graus
de discriminação sancionada oficialmente, em particular nos campos do
emprego, educação e habitação pública.3

A islamização do país impõe controle rígido sobre as instituições educacionais
judaicas. Antes da revolução havia 20 escolas judaicas funcionando em
todo o país, mas nos últimos anos a maioria delas foi fechada. Nas
remanescentes, os diretores judeus foram substituídos por muçulmanos.

Ainda há, em Teerã, três escolas nas quais os alunos judeus são maioria. O
currículo é islâmico e o uso da língua persa para os estudos judaicos é
proibido. Aulas especiais em hebraico são dadas às sextas-feiras pela
organização ortodoxa Otsár Hatorá, responsável pela educação judaica
religiosa. O sábado não é reconhecido oficialmente como o shabát judaico e
os alunos judeus são obrigados a ir à escola nesse dia. Existem três sinagogas
em Teerã, mas desde 1994 não há rabinos no Irã e o bêt din não funciona.4

O Irã rompeu relações com Israel após a derrubada do xá Reza Pahlevi e a
declaração de um Estado islâmico em 1979. Depois disso, o país passou a
apoiar muitas das organizações terroristas islâmicas que têm por alvo judeus e
israelenses, em particular o Hezbolá, com sede no Líbano. Não obstante, a
comunidade judaica do Irã é a maior do Oriente Médio fora de Israel. Em 1999, na
véspera de Pêssach (a Páscoa judaica). 13 judeus de Shirã e Isfahã, no sudeste
do Irã, foram presos e acusados de espionagem para Israel e para os Estados
Unidos. Entre os presos havia um rabino, um shochêt (açougueiro que sacrifica
segundo o ritual judaico) e professores. Em setembro de 2000, uma corte de
apelação iraniana ratificou o veredicto de manter os 13 judeus acusados de
espionagem para Israel aprisionados. Dez deles foram considerados culpados de
cooperar com Israel e condenados de dois a nove anos de prisão e três foram
considerados inocentes em primeira instância.5 Em março de 2001, um dos
judeus presos foi posto em liberdade e outro libertado em janeiro de 2002. Os
últimos cinco aparentemente receberam liberdade condicional por período
indeterminado, deixando-os vulneráveis a um encarceramento futuro. Outros
três foram publicamente perdoados pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Camenei.6

Pelo menos 13 judeus foram executados no Irã desde a revolução islâmica
de 1979, em sua maioria por motivos religiosos ou por sua ligação com Israel.
Por exemplo, em maio de 1998, o empresário judeu Ruholá Cakhodá-Zadê
foi enforcado na prisão, sem qualquer condenação pública ou procedimento
legal, aparentemente por ajudar na emigração de judeus.7


Judeus presos no Irã como espiões
Israel e EUA estão exigindo a libertação imediata de 13 judeus presos no Irã
sob acusação de espionagem, afirmando que são moedas de troca e podem
estar motivados por anti-semitismo.

Os 13 judeus de Shirã e Isfahã, no sul do Irã, foram presos na véspera da
Páscoa judaica e acusados de espionar para o "regime sionista" e em favor da
"arrogância do mundo" – referências a Israel e Estados Unidos, respectivamente.
No entanto, as prisões só vieram a conhecimento público em 7 de
junho. Entre os presos estavam um rabino, um shochêt e professores. Em
1997, o Irã capturou duas pessoas acusadas de espionar para Israel e para os
EUA. Um dia antes, em Nova York, o então ministro das Relações Exteriores,
Ariel Sharon, negou veementemente que qualquer dos homens presos
estivesse envolvido com espionagem e afirmou que nenhum deles tinha ou
jamais teve qualquer ligação com os serviços secretos israelenses.
Um dia antes, Washington denunciou as prisões e pediu que o governo
iraniano libertasse os prisioneiros. Fontes governamentais do primeiro escalão
do governo disseram que a administração também estava trabalhando para
pressionar o Irã.

Os judeus de Nova York, que mantêm um contato próximo com ativistas
judeus no Irã, disseram ao jornal israelense Haaretz que as prisões em Shiraz
– que, pelos padrões iranianos, é uma comunidade judaica atuante – podem
ser uma tentativa de impedir que tal atuação se espalhe para outras
localidades do Irã.

Como exemplo da dinâmica de Shiraz, uma fonte cujos interesses comerciais
exigem que se mantenha atenta ao Irã observou que a comunidade tem se
recusado a acatar uma exigência governamental, qual seja, manter seus
negócios abertos no shabát e, por sua vez, fechá-los na sexta-feira. Isso,
segundo ele, enfureceu o governo e aparentemente foi o motivo das prisões.

Entretanto, outros dirigentes judeus de Nova York afirmaram que
compartilham da posição diplomática de que as prisões são resultado de uma
luta pelo poder entre o governo iraniano e as forças contrárias às reformas.
A organização israelense de assistência aos judeus iranianos afirmou que a
França é a melhor esperança para a libertação dos prisioneiros devido às
suas boas relações com o Irã. Os judeus americanos em particular afirmaram
que também depositam suas esperanças na França pela mesma razão.

Nomes dos prisioneiros:
1, 2. David, 25 anos, e Doni Tefilin, 28 (irmãos), presos em Shiraz.
3. Javid Beth Jacob, 40 anos, preso em Shiraz.
4. Farhad Seleh, líder comunitário preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
5. Nasser Levi Haim, 45 anos, líder comunitário preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
6. Asher Zadmehror, 48 anos, líder comunitário preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
7. Navid Bala Zadeh, 16 anos, preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
8. Nejat Beroukkhim (tio), 35 anos, líder religioso preso em Isfahã e
transferido para Shiraz.
9. Arash Beroukhim (sobrinho), líder religioso preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
10. Farhad, 30 anos, e Faramaz Kashi, 34 anos (irmãos), presos em Shiraz.
11. Shahrokh Pak Nahad, 29 anos, preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
12. Ramin Farzam, 35 anos.


Os Judeus no Iraque
População em 1948: 150 mil
Em 2001: aproximadamente 100

No Iraque ainda subsiste uma das mais antigas comunidades judaicas. No
ano 722 AEC, as tribos do norte de Israel foram derrotadas pela Assíria e
alguns judeus foram levados para o que hoje é conhecido como Iraque. Em
586 AEC, estabeleceu-se uma comunidade que cresceu quando os babilônios
conquistaram as tribos do sul de Israel e fizeram os judeus cativos. Nos
séculos seguintes, a região tornou-se mais hospitaleira para os judeus e
converteu-se no lar de alguns dos mais proeminentes eruditos do mundo,
que produziram o Talmud da Babilônia entre 500 e 700 EC.

O Iraque converteu-se num Estado independente em 1932. A comunidade
judaica iraquiana, com 2.700 anos de existência, tem sofrido uma
perseguição horrível desde então, particularmente desde que o movimento
sionista por um Estado se intensificou. Em junho de 1941, o golpe de Rashi
Ali, pró-nazista e inspirado pelo Mufti, provocou revoltas e um pogrom em
Bagdá. Com a cumplicidade da polícia e do Exército, multidões de iraquianos
armados assassinaram 180 judeus e feriram mil. Outras rebeliões antijudaicas
ocorreram entre 1946 e 1949. Após a fundação do Estado de Israel, o sionismo
foi considerado crime capital.

Em 1950, os judeus iraquianos receberam permissão para deixar o país no
prazo de um ano, com a garantia de preservação da sua cidadania. Entretanto,
congelaram-se as propriedades dos judeus que emigraram e foram impostas
restrições econômicas àqueles que optaram pela permanência no país. Entre
1949 e 1951, 104 mil judeus foram retirados do Iraque nas operações
Esdras e Neemias; outros 20 mil saíram clandestinamente através do Irã.2

Em 1952, o governo do Iraque proibiu os judeus de emigrar e enforcou dois
deles em praça pública, após acusá-los falsamente de colocar uma bomba
no escritório da Agência de Informação dos EUA em Bagdá. Junto ao
crescimento das disputas entre facções Baath rivais em 1963, foram impostas
restrições adicionais aos judeus iraquianos remanescentes. A venda de
propriedades foi proibida e todos os judeus foram obrigados a portar carteiras
de identidade amarelas. Após a Guerra dos Seis Dias foram impostas novas
medidas de repressão: os judeus tiveram suas propriedades confiscadas e
contas bancárias congeladas; foram despedidos de cargos públicos, seus
negócios foram fechados, licenças comerciais canceladas e telefones
desconectados. Os judeus foram postos em prisão domiciliar por longos
períodos ou restritos às suas cidades.

A perseguição teve o seu pior momento no fim de 1968. Numerosas pessoas
foram encarceradas após o descobrimento de uma suposta rede de espionagem
constituída de empresários judeus. Quatorze homens – 11 deles judeus –
foram condenados à morte em julgamentos teatrais e enforcados nas praças
públicas em Bagdá; outros morreram vítimas de tortura. Em 27 de janeiro de
1969, a Rádio Bagdá convocou os iraquianos a "comparecerem e desfrutarem
da festa". Cerca de 500 mil homens, mulheres e crianças desfilaram e dançaram
junto aos patíbulos dos quais pendiam os corpos dos judeus enforcados, ainda
balançando. A multidão cantava ritmicamente "morte a Israel" e "morte a
todos os traidores", cuja exposição provocou uma repulsa mundial a que a
Rádio Bagdá reagiu com a seguinte declaração: "Nós enforcamos espiões, mas
os judeus crucificaram Cristo".3 Os judeus permaneceram sob vigilância
constante do governo do Iraque. Um judeu iraquiano (que mais tarde escapou)
escreveu em fevereiro de 1970 no seu diário:

"Úlceras, ataques cardíacos e colapsos nervosos são cada vez
mais freqüentes entre os judeus (...) A desumanização da
personalidade do judeu, resultante de humilhações e tormentos
contínuos (...) tem nos degradado até o mais baixo nível das
nossas faculdades físicas e mentais, e tem nos tirado a capacidade
de recuperação".4

Em resposta à pressão internacional, o governo de Bagdá permitiu,
discretamente, que a maioria dos judeus restantes emigrasse no início da
década de 1970, ao mesmo tempo em que mantinha outras restrições em
vigor. A maior parte dos judeus remanescentes no Iraque está velha demais
para partir. Eles têm sido pressionados pelo governo a entregar, sem
compensação, propriedades avaliadas em mais de US$ 200 milhões.5

O governo também assume retórica anti-semita. Uma declaração feita em
2000 se refere aos judeus como "descendentes de macacos e porcos, e
adoradores do tirano infiel".6

Em 1991, antes da Guerra do Golfo, o Departamento de Estado dos EUA
afirmou que "não há qualquer evidência recente de perseguição aberta a
judeus, mas o regime restringe viagens (particularmente a Israel) e contatos
com grupos judaicos no exterior".

Uma reportagem do Jerusalem Post destacou que 75 judeus haviam fugido
do Iraque nos últimos cinco anos, a maioria dos quais para a Holanda ou para
a Inglaterra. Por volta de 20 emigraram para Israel.7

Apenas uma sinagoga continua a funcionar no Iraque, "uma construção em
ruínas, de pintura gasta, situada numa viela" em Batawin, que já foi o
principal bairro judeu de Bagdá. Segundo o administrador da sinagoga, "há
poucas crianças para fazer bar-mitsvá ou casais para contrair o matrimônio.

Os judeus podem praticar sua religião, mas não lhes é permitido ter emprego
em empresas estatais nem entrar para o exército".8 O rabino morreu em 1996.

Nenhum dos judeus remanescentes é capaz de celebrar a liturgia e só dois
deles sabem o hebraico. O último casamento foi celebrado em 1980.9 O
governo iraquiano restaurou as tumbas do profeta Ezequiel e do escriba Esdras,
também considerados sagrados pelos muçulmanos. A tumba do profeta Jonas
está sendo restaurada. Saddam Hussein, na época, destacou guardas para
proteger os lugares sagrados. Bagdá já teve, um dia, um quinto da sua população
constituída de judeus; outras comunidades surgiram pela primeira vez há
2.500 anos. Hoje, aproximadamente 38 judeus vivem em Bagdá e outro
punhado nas regiões do norte do país controladas pelos curdos.10


Os Judeus no Líbano
População em 1948: 20 mil
Em 2001: menos de 100

Quando os árabes cristãos governavam o Líbano, os judeus eram tratados
com relativa tolerância. Em meados dos anos 1950, aproximadamente sete
mil viviam em Beirute. Entretanto, como judeus num país árabe, sua posição
nunca foi segura e a maioria partiu em 1967.

A guerra civil muçulmano-cristã de 1975-76 foi travada ao redor do bairro
judeu de Beirute, danificando muitas casas, lojas e sinagogas. A maior parte
dos 1.800 judeus libaneses remanescentes saiu do país em 1976, temendo
que a presença síria crescente no Líbano restringisse sua liberdade de emigração.

Em meados da década de 1980, o Hezbolá seqüestrou judeus proeminentes de
Beirute – líderes da minúscula comunidade que permaneceram no país. Quatro
deles foram assassinados. Quase todos os remanescentes estão em Beirute,
onde há um comitê que representa a comunidade.1 Devido à situação política
atual, os judeus não podem praticar sua religião abertamente.

Os Judeus na Líbia
População em 1948: 38 mil
Em 2002: Provavelmente nenhum

Em 5 de novembro de 1945, um selvagem pogrom em Trípoli matou mais de 140
judeus e deixou centenas de feridos. Quase todas as sinagogas foram saqueadas.
Em junho de 1948, rebeldes assassinaram mais 12 pessoas e destruíram
280 casas de judeus.1 Milhares fugiram do país depois que a Líbia tornou-se
independente e membro da Liga Árabe, em 1951. Após a Guerra dos Seis
Dias, a população judaica de sete mil pessoas foi novamente submetida a
pogroms nos quais 18 indivíduos foram mortos e muitos outros feridos, o que
provocou um êxodo que deixou menos de cem judeus na Líbia.

Quando o coronel Kadafi assumiu o poder em 1969, confiscou todas as
propriedades de judeus e cancelou as dívidas com eles. Em 1999, a sinagoga
de Trípoli foi reformada, mas não reaberta.2

A última mulher judia que vivia na Líbia, Esmeralda Meghnagi, morreu em
fevereiro de 2002. Isso marcou o fim de uma das mais antigas comunidades
judaicas do mundo, cujas origens remontavam ao século III AEC.3


Os Judeus no Marrocos
População em 1948: 265 mil
Em 2001: 5.700

Em junho de 1948, rebeliões sangrentas em Oujda e Djerada mataram 44
judeus e deixaram muitos feridos. Naquele mesmo ano teve início um boicote
econômico extra-oficial contra os judeus marroquinos. Em 1956, Marrocos
declarou sua independência e a imigração judaica para Israel foi suspensa
para ser retomada em 1963, quando mais de cem mil partiram para Tel-Aviv.2

Em 1965, o escritor marroquino Said Ghalab descreveu a atitude de seus
compatriotas muçulmanos com relação aos vizinhos judeus:

"O pior insulto possível que um marroquino poderia proferir era
tratar alguém como judeu (... ) Meus amigos de infância
continuam anti-semitas. Eles ocultam seu anti-semitismo
virulento ao argumentar que o Estado de Israel é uma cria do
imperialismo ocidental (...) Todo um mito hitlerista é cultivado
entre a população. Os massacres de judeus por Hitler são
exaltados com entusiasmo. Acredita-se até mesmo que Hitler
não morreu, mas está vivo e bem, esperando-se o seu retorno a
fim de livrar os árabes de Israel".3

Antes de sua morte, em 1999, o rei Hassan tentou proteger a população
judaica, e por isso Marrocos é um dos lugares mais tolerantes em relação aos
judeus no mundo árabe. Os judeus marroquinos, inclusive os que têm
cidadania israelense, visitam livremente amigos e parentes no exterior. Eles
ocupam posições importantes na comunidade empresarial e no governo. A
mais importante organização judaica que representa a comunidade é o Conseil
des Communautes Israelites (Conselho de Comunidades Israelitas), em
Casablanca. Suas funções incluem relações externas, assuntos comunitários
em geral, gerência comunitária, finanças, manutenção dos locais sagrados,
atividades para jovens e vida cultural e religiosa.4

"Os judeus já não moram nos tradicionais melás (bairros) judaicos, mas o casamento inter-religioso é praticamente inexistente.
A comunidade sempre foi religiosa e tolerante (...) A geração
mais jovem prefere continuar sua formação superior no exterior
e tende a não retornar ao Marrocos. Em conseqüência disso, a
comunidade está em processo de envelhecimento".5

Há sinagogas, micvaót (locais para banhos rituais), asilos de velhos e
restaurantes judeus em Casablanca, Fez, Marrakesh, Mogador, Rabat, Tetuã
e Tangier. Todavia, em 1992, a maioria das escolas judaicas estava fechada.
Apenas algumas escolas de Casablanca permanecem ativas e recebem fundos
do governo.

"A comunidade judaica desenvolveu uma fascinante tradição de
rituais e peregrinações às tumbas dos sábios santos. Há 13 desses
locais famosos, com séculos de existência e bem conservados
pelos muçulmanos. A cada ano, multidões de judeus marroquinos
de todo o mundo, inclusive de Israel, aglomeram-se nessas tumbas
em datas especiais. Um festival exclusivamente marroquino, a
Mimuná, é celebrado no Marrocos e em Israel".6

O Marrocos é talvez o melhor amigo de Israel no mundo árabe. O rei Hassan
sempre buscou ser, nos bastidores, uma espécie de mediador do processo de
paz árabe-israelense. Em julho de 1986, recebeu o primeiro-ministro Shimon
Peres6a em nova tentativa de estimular a concórdia. Dois meses depois,
reuniu-se com uma delegação de judeus de origem marroquina que incluiu
um membro do Parlamento israelense. Em 1993, após assinar acordo com a
OLP, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin fez uma visita formal ao Marrocos.

Em maio de 1999, o rei Hassan organizou a primeira reunião da União
Mundial de Judeus Marroquinos, em Marrakesh.

Em abril e maio de 2000, o governo marroquino patrocinou uma série de
eventos e conferências com o objetivo de promover o respeito entre as
religiões.7 André Azoulay, conselheiro real e um importante cidadão judeu,
falou da necessidade de respeito e diálogo inter-religioso. Em outubro de
2000, dois jovens marroquinos tentaram atacar uma sinagoga em Tangier. O
rei Mohamed VI declarou publicamente, em discurso televisionado em 6 de
novembro de 2000, que o governo não toleraria que os judeus fossem
maltratados. Os jovens foram condenados a um ano de prisão.


Os Judeus na Síria
População em 1948: 30 mil
Em 2001: menos de 100

Em 1944, depois que a Síria ganhou a independência da França, o novo
governo proibiu a imigração judaica para a Palestina e restringiu severamente
o ensino de hebraico nas escolas da cominidade. Os judeus passaram a
sofrer mais ataques e tiveram suas lojas e produtos boicotados.

Quando foi declarada a partilha da Palestina, em 1947, uma multidão de
árabes em Alepo devastou a comunidade judaica, que existia há 2.500 anos.
Uma grande quantidade de judeus morreu e mais de 200 casas, lojas e
sinagogas foram destruídas. Milhares fugiram para Israel.1

Pouco depois, o governo sírio intensificou a perseguição. A liberdade de ir e
vir foi restringida. Os judeus que tentaram romper esse estado de coisas
acabaram mortos ou condenados a trabalhos forçados.

Era proibido trabalhar para o governo ou em bancos, adquirir imóveis, comprar
telefones ou tirar carta de motorista. Contas bancárias foram congeladas.
Uma pista de aeroporto foi pavimentada sobre o cemitério judaico de Damasco;
as escolas judaicas foram fechadas e entregues aos muçulmanos.

A atitude da Síria com relação aos judeus coincidiu com a chegada ao país de
Alois Brunner, um dos mais notórios criminosos de guerra nazistas. Brunner,
auxiliar de Adolf Eichmann, atuou como assessor do regime de Assad.2

Em 1987 e 1988, a polícia secreta síria deteve dez judeus – que planejavam
escapar ou que haviam feito viagens não autorizadas ao exterior – por suspeita
de violar as leis de viagens e imigração. Vários dos que foram liberados
disseram ter sido torturados enquanto estavam sob custódia.3

Em novembro de 1989, o governo sírio prometeu facilitar a emigração de
mais de 500 mulheres judias solteiras, que ultrapassavam em muito o número
de homens solteiros da comunidade judaica e não tinham como encontrar
maridos disponíveis. Vinte e quatro delas receberam permissão para emigrar
no outono de 1989 e outras 20 em 1991.4

Os judeus da Síria viveram aterrorizados durante anos. O bairro judeu em
Damasco estava sob vigilância constante da polícia secreta, que também
acompanhava serviços religiosos das sinagogas, casamentos, bar-mitsvás e
outras reuniões judaicas. O contato com estrangeiros era rigidamente
monitorado. Era permitido viajar para o exterior em casos excepcionais,
desde que fossem deixados como garantia de US$ 300 a US$ 1.000,
juntamente com familiares que serviam como reféns. No início da década de
1990, a pressão aplicada pelos EUA durante as negociações de paz ajudou a
convencer o presidente Hafez Assad a suspender essas restrições, bem como
aquelas que proibiam os judeus de comprar e vender propriedades.

Numa operação descoberta no fim de 1994, 1.262 judeus sírios foram levados
para Israel. O rabino Abraham Hamra, líder espiritual da comunidade judaica
síria por 25 anos, estava entre os que deixaram a Síria e foram para Nova
York (depois ele se fixou em Israel). A Síria concedeu vistos de saída sob a
condição de que os judeus não fossem para Israel.5 A decisão de finalmente
liberar os judeus veio em grande medida como resultado da pressão dos EUA
após a conferência de paz de Madrid, em 1991.

No fim de 1994, a sinagoga Ioav ben Zeruiá, de Alepo, em contínua atividade
por mais de 1.600 anos, estava deserta. Um ano depois, 250 judeus ainda
viviam em Damasco, por decisão própria.6 Em meados de 2001, o rabino Huder
Shahada Kabariti calculou 150 judeus vivendo em Damasco, 30 em Haleb e 20
em Kamashili. A cada dois ou três meses, um rabino chegava da Turquia para
supervisionar a preparação de carne, que os residentes congelavam e consumiam
até sua próxima visita. Duas sinagogas permanecem abertas em Damasco.7

Embora os judeus ainda sejam ocasionalmente submetidos a violência por manifestantes
palestinos na Síria, o governo tem tomado rígidas medidas de proteção,
o que inclui a prisão de assaltantes e a proteção às sinagogas que restam.8

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, os judeus ainda contam com
uma escola primária em separado para o ensino religioso do judaísmo e é
permitido ensinar hebraico em algumas escolas. Por volta de uma dúzia de
alunos ainda freqüenta a escola judaica, que recentemente, em 1992, teve
500 estudantes. Judeus e curdos são as únicas minorias proibidas de participar
do sistema político. Além disso, "os poucos judeus remanescentes em geral
são impedidos de ter empregos públicos e estão isentos do serviço militar
obrigatório. Fazem parte da única minoria cujos passaportes e documentos
de identidade destacam sua religião".9

Os Judeus na Tunísia
População em 1948: 105 mil
Em 2001: 1.5001

Depois que a Tunísia ganhou a independência em 1956, foram promulgados
diversos decretos governamentais antijudaicos. Em 1958, o Conselho da
Comunidade Judaica da Tunísia foi fechado e antigas sinagogas, cemitérios
e bairros judeus destruídos para dar lugar à "renovação urbana".2

A situação cada vez mais instável fez com que mais de 40 mil judeus tunisianos
imigrassem para Israel. Em 1967, a população judaica havia sido reduzida a
20 mil pessoas.

Durante a Guerra dos Seis Dias, os judeus foram atacados por uma multidão
revoltada que incendiou sinagogas e lojas. O governo condenou a violência
e o presidente Habib Bourguiba se desculpou com o rabino-chefe. O governo
pediu à comunidade judaica que ficasse, mas não impediu quem quisesse
partir. Sete mil pessoas emigraram para a França.

Em 1982, houve ataques a judeus nos povoados de Zarzis e Ben Guardane.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o governo "atuou decisivamente
para oferecer proteção à comunidade judaica".3

Em 1985, um guarda tunisiano abriu fogo contra fiéis de uma sinagoga em
Djerba e matou cinco pessoas, quatro delas judias. Desde então, o governo
tem buscado impedir outras tragédias e dá proteção especial aos judeus
tunisianos quando necessário. Depois que Israel bombardeou os escritórios
da OLP nos arredores de Túnis, em 1o de outubro de 1985, "o governo adotou
medidas extraordinárias para proteger a comunidade judaica".4 Após a tragédia
no Monte do Templo, em outubro de 1990, "o governo criou uma forte
segurança ao redor da principal sinagoga de Túnis".5

Djerba tem um jardim de infância judaico. Há também seis escolas primárias
(três em Túnis, duas em Djerba e uma na cidade costeira de Zarzis) e quatro
secundárias (duas em Túnis e duas em Djerba), bem como ieshivot em Túnis e
Djerba. A comunidade tem dois asilos para idosos. O país tem diversos restaurantes
casher e seis rabinos oficiantes: o rabino-chefe e outros quatro em Túnis e um
em Djerba. A maior parte da comunidade judaica cumpre as leis de cashrut.

"Muitos turistas visitam a sinagoga El Ghirba, de Djerba, no
povoado de Hara Sghira. Embora a construção existente seja de
1929, acredita-se que sempre houve uma sinagoga ativa neste
local nos últimos 1.900 anos. Os judeus tunisianos têm muitos
rituais e celebrações singulares e coloridas, incluindo a
peregrinação anual a Djerba, que ocorre durante o Lag Baómer.
O Museu Bardo em Túnis tem uma ala que expõe exclusivamente
objetos judaicos rituais".6

Hoje, os 1.300 judeus constituem a maior minoria religiosa nativa do país.
"O governo garante à comunidade judaica liberdade de culto e paga o salário
do grão-rabino" da comunidade.7

Em outubro de 1999, a comunidade elegeu pela primeira vez, desde a
independência da Tunísia em 1956, o Comitê Judaico da Tunísia.8

Em 11 de abril de 2002, um caminhão de gás natural explodiu junto ao muro
externo da sinagoga de Griba, na ilha de estação de férias em Djerba.

Funcionários tunisianos afirmaram que o caminhão havia se chocado
acidentalmente contra o muro da sinagoga, mas um grupo vinculado à rede
Al-Qaeda, de Osama bin Laden, assumiu a responsabilidade pelo ataque
terrorista à mais antiga sinagoga da África. A explosão matou 17 pessoas,
entre elas 11 turistas alemães.9

Os Judeus no Iêmen
População em 1948: 55 mil (em Aden: outros 8 mil)
Em 2001: menos de 2001

Em 1922, o governo do Iêmen reintroduziu uma antiga lei islâmica que exigia
a conversão obrigatória ao Islã de órfãos judeus menores de 12 anos. Em
1947, após a aprovação da partilha da Palestina, muçulmanos rebelados,
juntamente com a força policial local, empreenderam um sangrento pogrom
em Aden que levou à morte de 82 judeus e destruiu centenas de lares judeus.

A comunidade judaica de Aden ficou economicamente paralisada, pois a maior
parte das lojas e negócios dos judeus foi destruída. No início de 1948, a falsa
acusação do assassinato ritual de duas meninas provocou uma onda de saques.2

Essa situação cada vez mais perigosa levou à emigração de quase toda a
comunidade judaica iemenita – quase 50 mil pessoas – entre junho de
1949 e setembro de 1950, na Operação Tapete Mágico. Permitiu-se que
uma migração menor continuasse até 1962, quando uma guerra civil
interrompeu abruptamente qualquer êxodo judeu posterior.

Até 1976, quando um diplomata americano se encontrou com uma pequena
comunidade judaica numa região remota no norte do Iêmen, acreditava-se
que a comunidade judaica iemenita estava extinta. Em conseqüência disso,
a situação dos judeus iemenitas passara desapercebida para o mundo exterior.
Soube-se, então, algumas pessoas ficaram para trás durante a Operação
Tapete Mágico porque parentes não quiseram abandonar parentes doentes
ou idosos. Esses judeus foram proibidos de emigrar e manter contato com
parentes no exterior. Eles foram isolados e confinados, dispersos por regiões
montanhosas no norte do Iêmen e carentes de alimentos, roupas, assistência
médica e artigos religiosos. Em conseqüência disto, alguns judeus iemenitas
abandonaram sua crença e se converteram ao Islã.

Por um curto período de tempo, organizações judaicas receberam permissão
para viajar livremente pelo Iêmen, distribuindo livros em hebraico e materiais
à comunidade judaica.3

Hoje, os judeus são a única minoria religiosa nativa ao lado de um pequeno
número de cristãos, indianos e baháis. A pequena comunidade remanescente
na região norte do Iêmen é tolerada e tem permissão para praticar o judaísmo.
Todavia, seus membros ainda são tratados como cidadãos de segunda classe
e não podem servir no Exército ou ser eleitos para cargos políticos.

Tradicionalmente, os judeus são confinados em determinada região de uma
cidade ou povoado e só podem trabalhar num número limitado de empregos,
em geral agrícolas e artesanais. A posse de propriedades é permitida.4

Os judeus estão dispersos e já não existe uma estrutura comunitária. Há
pouco intercâmbio social com seus vizinhos muçulmanos e são rigidamente
impedidos de se comunicar com o mundo judaico. Acredita-se que existam
duas sinagogas ainda em funcionamento em Saicaya e Amlá. Quanto às leis
dietéticas judaicas, a vida religiosa pouco mudou no Iêmen. Os judeus não
têm permissão para fazer refeições junto aos muçulmanos. O matrimônio
fora da religião é proibido. Apesar da proibição oficial de emigrar, por volta de
400 judeus fugiram para Israel nos últimos anos.5

O Departamento de Estado americano publicou que, em meados de 2000, "o
governo iemenita suspendeu sua prática de permitir que titulares de passaportes israelenses de origem iemenita viajassem para o Iêmen com salvoconduto.

Contudo, iemenitas, israelenses e outros judeus podem viajar livremente
para o Iêmen e dentro do seu território com passaportes não israelenses".6

Em janeiro de 2001, o Partido Popular Geral, governista, permitiu pela primeira
vez que um cidadão judeu iemenita concorresse às eleições parlamentares.

O candidato Ibrahim Ezer foi recomendado publicamente pelo presidente Ali
Abdala Salá como um gesto para o governo americano de Bush, recém empossado,
num esforço para receber ajuda econômica. Mas, logo em seguida,
o Comitê Eleitoral Geral rejeitou a inscrição de Ezer, justificando que um
candidato deve ser filho de pais muçulmanos. Os analistas políticos especularam
que a verdadeira razão foi o desejo de não estabelecer um precedente
que concedesse permissão para um judeu competir por um cargo público.7

Notas
1 Vamberto Morais. A Short History of Anti-Semitism. New York: W.W Norton and Co.,
1976, pág. 11; Bernard Lewis. Semites & Anti-Semites. New York: WW Norton &
Co., 1986, pág. 81.
2 Oxford English Dictionary; Webster’s Third International Dictionary.
3 Documento oficial britânico, Foreign Office, File 371/20822 e 7201/22/31; Elie Kedourie.
Islam in the Modern World. Londres: Mansell, 1980, pág. 69-72.
4 Howard Sachar. A History of Israel: From the Rise of Zionism to Our Time. New York:
A. Knopf, 1979, pág. 196.
5 Lei Jordaniana de Nacionalidade, artigo 3, Official Gazette n° 1.171, 16 de fevereiro
de 1954, pág. 105.
6 De uma carta enviada a M. Rene Mheu, diretor-geral da Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), reproduzida no Al-Thawra (3
de maio de 1968).
7 The Religious Ordinances Reader. Ministério da Educação da Síria, 1963-1964, pág. 138.
8 Basic Syntax and Spelling. Ministério da Educação da Síria, 1963.
9 Religious Teaching. Ministério da Educação do Egito, 1966.
10 Modern World History. Ministério da Educação da Jordânia, 1966, pág. 150.
11 David K. Shipler. Arab and Jew. New York: Times Books, 1986, pág. 167, 170, 203.
12 Meyrav Wumser. The Schools of Ba’athism; A Study of Syrian Schoolbooks. District
of Columbia: Middle East Media and Research Institute (MEMRI), 2000, pág. 13.
13 Wurmser, pág. 51.
14 Middle East Media and Research Institute (MEMRI); Parade (23 de junho de 2002),
pág. 13.
15 Jewish Telegraphic Agency (4 de março de 1991).
16 Al-Mussawar (4 de agosto de 1972).
17 Middle East Media and Research Institute (MEMRI).
18 Al-Ahram (28 de outubro de 2002).
19 Jerusalem Post (19 de novembro de 2001).
20 Palestinian Authority Television (14 de outubro de 2000).
21 Palestinian Media Watch, http://www.pmv.org (15 de março de 2000).
22 Bernard Lewis. The Pro-Islamic Jews, Judaism (outono de 1968), pág. 401.
23 Bat Yeor. The Dhimmi. New Jersey: Fairleigh Dickinson University Press, 1985, pág. 43-44.
24 Bat Yeor, pág. 185-86, 191, 194.
25 Norman Stillman. The Jews of Arab Lands. Pensilvannia: The Jewish Publication
Society of America, 1979, pág. 84; Maurice Roumani. The Case of The Jews from
Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews from Arab
Countries, 1977, pág. 26-27; Bat Ye’or, pág. 72; Bernard Lewis, The Jews of Islam.
New Jersey: Princeton University Press, 1984, pág. 158.
26 Stillman, pág. 59, 284.
27 Roumani, pág. 26-27.
28 G.E. Von Grunebaum. Eastern Jewry Under Islam. Viator (1971), pág. 369.
29 New York Times (19 de fevereiro de 1947).
30 Roumani, pág. 30-31; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times.
New York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 119-122.
31 Bat Yeor, pág. 61.
32 Bat Yeor, pág. 30.
33 Louis Gardet. La Cite Musulmane: Vie Sociale et Politique. Paris: Etudes Musulmanes,
1954, pág.348.
34 Bat Yeor, pág. 56-57.
35 Middle Eastern Studies (1971), pág. 232.
36 Washington Post (25 de fevereiro de 2002).
37 Esquire (fevereiro de 2003).


A SITUAÇÃO ATUAL
Os Judeus na Argélia
1 Congresso Judaico Mundial, Comunidades Judaicas do Mundo (http://
www.virtual.co.il/communi-ties/wjcbook/index.htm).
2 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1991. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1992, pág. 1.339.
3 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
4 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
Os Judeus no Egito
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 401.
3 Associated Press (26 de novembro de 1956); New York World Telegram (29 de
novembro de 1956).
4 Comunidades Judaicas do Mundo.
5 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
6 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus no Irã
1 Há uma grande divergência entre os números fornecidos para a população judaica.
Segundo o American Jewish Committee (David Singer, ed. American Jewish Year Book.
New York: American Jewish Committee, 2001), são 12.500, enquanto de acordo com
o Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000 (District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado dos
EUA, 5 de setembro de 2000) deve haver algo como 40 mil judeus vivendo no Irã.
2 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
3 Many Jews Choose to Stay in Iran, Associated Press (18 de janeiro de 1998).
4 Comunidades Judaicas do Mundo. Reimpresso sob permissão do Congresso Judaico
Mundial (CJM). Copyright 1997; Instituto do Congresso Judaico Mundial. Relatório
sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of Columbia:
Departamento de Estado, 1997.
5 Schneider, Howard. Iran Court Reduces Penalties for Jews. Washington Post (22 de
setembro de 2000).
6 Jerusalem Post (16 de janeiro de 2002); Washington Jewish Week (31 de outubro
de 2002).
7 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus no Iraque
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Jerusalem Post (13 de dezembro de 1997); Arieh Avneri. The Claim of Dispossession.
Tel-Aviv: Hidekel Press, 1984, pág. 274; Maurice Roumani. The Case of The Jews
from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews
from Arab Countries, 1977, pág. 29-30; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands
in Modern Times. New York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 117-119;
Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 399.
3 Judith Miller e Laurie Mylroie. Saddam Hussein and the Crisis in the Gulf. New York:
Random House, 1990), pág.34.
4 Max Sawadayee. All Waiting to be Hanged. Tel-Aviv: Levanda Press, 1974, pág. 115.
5 New York Times (18 de fevereiro de 1973).
6 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
7 Jerusalem Post (13 de dezembro de 1997).
8 New York Times Magazine (3 de fevereiro de 1985).
9 Associated Press (28 de março de 1998).
10 Jerusalem Post (28 de setembro de 2002).
Os Judeus no Líbano
1 Maariv, (21 de junho de 1991), Jewish Telegraphic Agency, (22 de julho de 1993)
Os Judeus na Líbia
1 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 400;
Norman Stillman. The Jews of Arab lands in Modern Times. New York: Jewish
Publication Society, 1991, pág. 145.
2 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000 (District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000).
3 Jerusalem Report (11 de março de 2002).
Os Judeus no Marrocos
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue . Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 32-33.
3 Said Ghallab. Les Juifs Sont en Enfer, Les Temps Modernes (abril de 1965), pág.
2.247-2.251.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1996. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1996; Comunidades Judaicas no Mundo;
Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
5 Comunidades Judaicas no Mundo.
6 Comunidades Judaicas no Mundo.
6a Shimon Peres (1923). Nascido em Wolozyn, na Polônia, em 1934 muda-se para a
Palestina. Une-se, em 1947, ao Haganah, organização militar sionista dirigida por
David Ben-Gurion, que prega a criação de um Estado judeu na Palestina. Em 1948,
quando é proclamado o Estado de Israel, Ben-Gurion torna-se primeiro-ministro e
indica Peres, com 25 anos, para chefiar a Marinha. De 1952 a 1965, trabalha no
Ministério da Defesa. Em 1968 participa da fundação do Partido Trabalhista, que
lidera entre 1977 e 1992. Torna-se primeiro-ministro de 1984 a 1986. Em 1993,
como chanceler, ajuda na negociação do acordo de paz assinado pelo primeiroministro
Yitzhak Rabin com Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), e ganha o Prêmio Nobel da Paz em 1994. Quando Rabin é assassinado,
em 1995, Peres assume como primeiro-ministro. Perde as eleições de 1996
para o líder do Likud, Benjamin Netanyahu. Em 1999, o trabalhista Ehud Barak vence
as eleições para primeiro-ministro e convida Peres para trabalhar em seu gabinete.
7 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000).
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus na Síria
1 Sachar. A History of Israel: From the Rise of Sionism to Our Time. New York: Alfred A.
Knopf, 1979, pág. 400; Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries:
A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries,
1977, pág. 31; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New
York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 146.
2 Newsday (1 de novembro de 1987); informação fornecida por Michael McNulty.
3 Direitos Humanos na Síria. New York: Middle East Watch, 1990, pág. 94.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1991. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1992, pág. 1.610.
5 Jerusalem Post (18 de outubro de 1984).
6 Jerusalem Post (27 de maio de 1995).
7 Associated Press (27 de janeiro de 2000).
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
9 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 2001. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 2001.
Os Judeus na Tunísia
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 33; Norman
Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New York: Jewish Publication
Society, 1991, pág. 127.
3 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1982. District of
Columbia: Departaasmento de Estado dos EUA, 1983, pág. 1.290-1.291.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1985. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1986, pág.1.321.
5 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1990. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1991, pág.1.664-1.665.
6 Comunidades Judaicas no Mundo.
7 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
9 Washington Post (17 e 23 de abril de 2002).
Os Judeus no Iêmen
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pás. 397-98;
Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 32-33; Norman
Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New York: Jewish Publication
Society, 1991), pág. 498.
3 Jerusalem Post (15 de fevereiro de 2002); Jewish Telegraphic Agency (26 de fevereiro
de 1992).
4 Comunidades Judaicas no Mundo; Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos
por Países para 1997. District of Columbia: Departamento de Estado, 1997.
5 Comunidades Judaicas no Mundo.
6 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
7 Jerusalem Post (30 de janeiro de 2001).

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