terça-feira, 7 de agosto de 2007

11. Israel e Líbano

MITO
"Israel não pode afirmar que a sua invasão do Líbano em 1982,
contra uma OLP mal-equipada, foi uma ação defensiva".


FATO
Em junho de 1982, quando as FDI entraram no Líbano, a OLP havia tornado
a vida no norte de Israel intolerável, por seus repetidos ataques às cidades
israelenses.

Uma força de 15 mil e 18 mil membros da OLP estava estacionada em
diversas localidades do Líbano. Entre cinco mil e seis mil eram mercenários
estrangeiros vindos de países como Líbia, Iraque, Índia, Sri Lanka, Chade e
Moçambique.1 Israel descobriu armas leves e outros armamentos no Líbano
suficientes para equipar cinco brigadas.2 A OLP tinha na área um arsenal que
incluía morteiros, mísseis Katyusha e uma extensa rede antiaérea, além de
centenas de tanques T-34.3 A Síria, que permitiu que o Líbano se tornasse
um refúgio para a OLP e outros grupos terroristas, levou para lá mísseis terraar,
criando assim outro perigo para Israel.

Os ataques e incursões de comandos israelenses foram incapazes de conter
o crescimento desse exército da OLP. Israel não estava preparado para esperar
por mais ataques letais lançados contra sua população civil antes de atuar
contra os terroristas.


MITO
"A OLP não era ameaça a Israel. Quando Israel
atacou, a OLP cumpria o cessar-fogo há um ano".


FATO
A OLP violou repetidamente o acordo de cessar-fogo de julho de 1981. Nos
11 meses seguintes, praticou 270 ações terroristas em Israel, Cisjordânia e
Gaza, bem como ao longo das fronteiras libanesa e jordaniana. Morreram 29
israelenses e mais de 300 foram feridos nesses ataques.4 A situação na
Galiléia foi se tornando intolerável na medida em que a freqüência dos
ataques obrigava milhares de residentes a fugir de suas casas e a passar
longos períodos em abrigos antiaéreos, durante os quais Israel lançava ataques
de represália contra as bases da OLP no Líbano.

Após Israel lançar um desses ataques, em 4 e 5 de junho de 1982, a OLP
respondeu com um ataque maciço de artilharia e morteiros contra a
população israelense da Galiléia. Em 6 de junho, as FDI entraram no Líbano
para expulsar os terroristas.

O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger defendeu a operação
israelense: "Nenhum país soberano pode tolerar indefinidamente o crescimento,
ao longo de suas fronteiras, de uma força militar dedicada à sua destruição e a
implementar seus objetivos por meio de bombardeios e ataques periódicos".5

O então presidente dos EUA, Ronald Reagan, disse em 21 de junho de 1982:
"Sobre o Líbano, está claro que nós e Israel buscamos o fim da violência e um
Líbano soberano e independente. Concordamos que Israel não deve ser
submetido à violência vinda do norte".6

Documentos encontrados no Líbano pelas FDI durante a operação mostraram
que os grupos terroristas haviam feito planos detalhados para bombardear
cidades no norte de Israel. Seguem abaixo as traduções de dois documentos
encontrados nos quartéis-generais da OLP em Sidon, ambos datados de julho
de 1981:


Nome do Alvo a ser Bombardeado: Kiriát Shemona.
Número de salvas de tiro: 17 bombardeios em duas porções,
cada uma de 120 mm.
Unidade carregada: Artilharia das Forças Conjuntas do Sul.
Para: El-Haj Ismail
Cumprimentos pela Revolução!

O Conselho Militar Supremo decidiu se concentrar na destruição
de Kiriát Shemona, Metula, Dan, Shear Iashuv, Naharia e arredores.
Kiriát Shemona: será distribuída entre todos os pelotões e
bombardeada com bombardeios "Grad" melhorados.
Metula: será bombardeada com morteiros de 160mm (Frente
pela Libertação da Palestina-As-Saica).
Naharia e arredores: serão bombardeados com armamentos de
artilharia de 130mm do Batalhão 1.
Dan e Shear Iashuv: será responsabilidade do setor oriental.
Revolução até a vitória! 7


MITO
"A OLP tratou os libaneses com dignidade e respeito".


FATO
Para os residentes árabes do sul do Líbano, o governo da OLP foi um pesadelo.
Depois que esta foi expulsa da Jordânia pelo rei Hussein em 1970, muitos dos
seus quadros partiram para o Líbano. A OLP ocupou áreas inteiras do país, onde
maltratou brutalmente a população e usurpou a autoridade do governo libanês.

Em 14 de outubro de 1976, o embaixador libanês, Edward Ghorra, declarou
na Assembléia Geral das Nações Unidas que a OLP estava arruinando seu
país: "Os elementos palestinos pertencentes às diversas... organizações
recorrem ao seqüestro de libaneses – e às vezes de estrangeiros – e os
mantêm prisioneiros, interrogam, torturam e às vezes matam." 8

Os colunistas Rowland Evans e Robert Novack, conhecidos por sua antipatia
a Israel, declararam, após uma viagem pelo sul do Líbano e Beirute, que os
fatos "tendem a apoiar a opinião de Israel de que a OLP está cheia de
criminosos e aventureiros" 9

Eles conversaram com um médico cuja fazenda foi retirada sem compensações
pela OLP e convertida em depósito militar. "Você me pergunta o
que achamos dos israelenses", disse. "Comparados ao inferno que temos
passado no Líbano, os israelenses são irmãos". Outros libaneses – tanto
cristãos como muçulmanos – deram testemunhos semelhantes.

Inúmeros libaneses contaram relatos dolorosos de estupros, mutilações e
assassinatos cometidos pelas forças da OLP. Esta "assassinou pessoas e lançou
seus corpos nos terraços. Alguns deles estavam mutilados e seus membros
decepados. Não saíamos por medo de terminarmos como eles", disseram
duas mulheres árabes de Sidon. "Não ousávamos ir à praia, pois nos
molestavam com armas na mão". As mulheres falavam de um incidente
ocorrido pouco antes da invasão israelense, no qual homens da OLP
estupraram e assassinaram uma mulher, depositando seu cadáver próximo a
uma estátua famosa. Uma foto do cadáver mutilado da vítima apareceu
impressa em um jornal local.10

O doutor Khalil Torbey, um importante cirurgião libanês, disse a um jornalista
americano que era "chamado com freqüência no meio da noite para atender
vítimas das torturas da OLP. Tratei de homens cujos testículos haviam sido
extirpados em sessões de tortura. As vítimas, em sua maioria, eram...
muçulmanas. Vi homens – ainda vivos – amarrados pelos pés sendo
arrastados pelas ruas por automóveis em alta velocidade".11

O correspondente do New York Times, David Shipler, visitou Damour, um
povoado cristão próximo a Beirute, ocupado pela OLP desde 1976, quando
palestinos e libaneses esquerdistas saquearam a cidade e massacraram
centenas de seus habitantes. A OLP, escreveu Shipler, converteu a cidade
em uma base militar, "usando suas igrejas como fortalezas e arsenais".12

Quando as FDI expulsaram a OLP de Damour em junho de 1982, o primeiro-ministro
Menahem Begin anunciou que os residentes cristãos da cidade
poderiam voltar para suas casa e reconstruí-las. Os habitantes que retornaram
encontraram suas antigas casas pichadas com slogans nacionalistas
palestinos, textos da Fatah e pôsteres de Yasser Arafat. Eles disseram a
Shipler como estavam felizes por Israel tê-los libertado.13


MITO
"A operação para acabar com as ameaças da OLP ao
Norte de Israel causou dez mil mortes no Sul do Líbano".


FATO
"Fica claro para qualquer um que viaja pelo sul do Líbano – como têm feito
muitos jornalistas e profissionais engajados em fornecer auxílio – que as
cifras originais de dez mil mortos e 600 mil desabrigados... são extremamente
exageradas", escreveu David Shipler, do New York Times, um crítico mordaz
do esforço de guerra israelense.14

A cifra de 600 mil desabrigados surgiu em meados de junho de 1982 com o
Crescente Vermelho Palestino, chefiado por Fathi, irmão de Yasser Arafat.
Francesco Noseda, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que havia
originalmente usado esses números falsos, mais tarde os repudiou.15
Não haveria mortos ou desabrigados se a OLP não tivesse usado o sul do
Líbano como base para ameaçar Israel.


MITO
"A OLP estava disposta a abandonar Beirute
em 1982 para salvar a população civil de outro
ataque, mas Israel tornou isso impossível".


FATO
Por mais de um mês, a OLP mostrou-se intransigente, buscando extrair uma
vitória política de sua derrota militar. Arafat, que declarou seu desejo "em
princípio" de abandonar Beirute, recusou-se em seguida a ir para outro país.

Durante o cerco, a OLP se escondeu por trás de civis inocentes, calculando
que, se Israel atacasse, seria internacionalmente condenado. Foi exatamente
isso o que aconteceu.

Em meados de junho, soldados israelenses cercaram de seis mil a nove mil
terroristas que haviam se posicionado em meio à população civil de Beirute
Ocidental. Para evitar baixas civis, Israel concordou com um cessar-fogo
para permitir que um diplomata americano, o embaixador Philip Habib, intermediasse
uma retirada pacífica da OLP do Líbano. Como um gesto de tolerância,
Israel concordou em permitir que as forças da OLP saíssem de Beirute com
suas armas pessoais.16 Contudo, a OLP continuou fazendo novas exigências.

A OLP falou de retirada durante semanas, porém vinculada a condições que
a tornavam impossível. A OLP adotou uma estratégia de violações controladas
do cessar-fogo com o propósito de causar baixas a Israel e provocar uma
retaliação israelense suficiente para culpar as FDI de romper as negociações
e agredir civis.

"Os israelenses bombardearam edifícios inocentes se vistos de fora, onde
seus serviços de inteligência afirmaram que havia escritórios da OLP
escondidos", escreveu o analista do Oriente Médio Joshua Muravchik. "A
inteligência também informou sobre a enorme rede de depósitos subterrâneos
de armas e munições da OLP, descoberta mais tarde pelo Exército libanês.
Não há dúvidas de que os israelenses jogaram algumas bombas na esperança
de que penetrassem nessas instalações e detonassem os depósitos. A OLP
tinha artilharia e equipamentos antiaéreos montados em caminhões,
preparados para atirar contra os israelenses e então se mover".17

Os israelenses atirariam de volta e algumas vezes erraram, alcançando
inadvertidamente alvos civis. Os meios de comunicação publicaram inúmeras
vezes, equivocadamente, que Israel estava atacando alvos civis em áreas
onde não havia militares por perto. Numa noite de julho, os israelenses
bombardearam sete embaixadas em Beirute. A NBC transmitiu um comunicado
que parecia dar crédito às alegações da OLP de que não havia posições
militares na área. Muravchik destacou que Israel "divulgou em seguida fotos
de reconhecimento que mostravam a região das embaixadas repleta de
tanques, morteiros, armamento de fogo pesado e postos antiaéreos".18


MITO
"Israel foi responsável pelo massacre de milhares
de refugiados palestinos inocentes em Sabra e Shatila".

FATO
A Milícia Libanesa Falangista Cristã foi responsável pelos massacres que
ocorreram nos acampamentos de refugiados da área de Beirute em 16 e 17
de setembro de 1982. Soldados israelenses permitiram que os falangistas
entrassem em Sabra e Shatila para retirar células terroristas que se acreditava
estarem estabelecidas ali. Estimava-se que poderia haver até 200 homens
armados nos acampamentos devido aos incontáveis bunkers (abrigos
antiaéreos) construídos pela OLP ao longo dos anos e repletos de generosas
reservas de munição.19

Quando os soldados israelenses ordenaram aos falangistas que saíssem,
encontraram centenas de mortos (as estimativas vão de 460, segundo a
polícia libanesa, a algo entre 700 e 800, pelos cálculos da inteligência
israelense). Os mortos, segundo a conta dos libaneses, incluíam 35 mulheres
e crianças. Os demais eram homens palestinos, libaneses, paquistaneses,
iranianos, sírios e argelinos.20 A matança foi uma represália aos assassinatos
do presidente libanês Bashir Gemayel e de 25 de seus seguidores, num
atentado a bomba ocorrido naquela semana.21

Israel permitiu que a Falange entrasse nos acampamentos, como parte de um
plano para transferir a autoridade aos libaneses, e assumiu a responsabilidade
por essa decisão. A Comissão de Inquérito Kahan, formada pelo governo de Tel-
Aviv, concluiu que Israel foi indiretamente responsável por não prever a
possibilidade da violência falangista. Na ocasião, seguindo as recomendações
da comissão, o então ministro da Defesa, Ariel Sharon, e o então chefe do
Estado Maior, general Raful Eitan, foram destituídos dos cargos que ocupavam.

O ex-secretário de Estado Henry Kissinger declarou que a Comissão Kahan
"foi um grande tributo à democracia israelense (...) Poucos governos do
mundo teriam investigado publicamente um incidente tão intrincado e
vergonhoso".22

Recentemente têm sido feitos esforços na Bélgica com o objetivo de julgar
Sharon por seu papel naquilo que ocorreu no Líbano. Todavia, a corte de
apelações descartou o caso.23 A campanha européia parece planejada para,
em geral, manchar a imagem de Israel e, em particular, a de Sharon, e é
particularmente odiosa dado que as próprias instituições judiciais
democráticas de Israel já julgaram essa tragédia.

Ironicamente, enquanto 300 mil israelenses faziam comícios em Israel para
protestar contra as matanças, houve pouca ou nenhuma reação no mundo
árabe. Fora do Oriente Médio houve um grande protesto internacional contra
Israel por conta dos massacres. Por conta disso, os falangistas, que praticaram
o crime, livraram-se do peso das condenações.

Em contrapartida, poucas vozes se levantaram em maio de 1985, quando
milicianos muçulmanos atacaram os acampamentos de refugiados palestinos
de Shatila e Burj-el Barajnê. Segundo funcionários das Nações Unidas, houve
635 mortos e 2.500 feridos. Durante uma batalha de dois anos entre a
milícia xiita Amal – respaldada pelos sírios – e a OLP, foram registrados mais
de dois mil mortos, incluindo muitos civis. Não houve protestos contra a OLP
nem contra os sírios e seus aliados pela matança. A reação internacional
também se calou em outubro de 1990, quando as forças sírias invadiram
áreas libanesas controladas por cristãos. Num confronto de oito horas, 700
cristãos foram mortos – a pior batalha da guerra civil do Líbano.24 O conflito,
que começou em 1975 e só terminou em 1982, deixou o saldo negativo de
95 mil mortes.25


MITO
"As invasões do Líbano em 1978 e 1982
comprovaram as intenções agressivas de Israel".


FATO
Israel tem buscado há tempos uma fronteira-norte pacífica. Entretanto, o
fato de o Líbano ser um refúgio para grupos terroristas tem tornado isso
impossível. Em março de 1978, terroristas da OLP se infiltraram em Israel
e, após assassinarem um turista americano que caminhava próximo a
uma praia, seqüestraram um ônibus civil. Quando o veículo foi interceptado
por soldados, os terroristas abriram fogo e 34 reféns morreram. Em resposta,
as forças israelenses cruzaram a fronteira e ocuparam bases guerrilheiras
no sul do Líbano. O exército retirou-se dois meses depois, com a chegada
das forças da ONU. Os capacetes azuis, entretanto, não conseguiram impedir
que os terroristas voltassem a se infiltrar na região, introduzindo armas
novas e mais potentes. Esta reorganização provocou a invasão israelense
de 1982.

Israel reiterou repetidas vezes que não desejava nenhum centímetro de
território libanês. A retirada de Israel do Líbano em 1985 confirmou isso. A
pequena força israelense de mil homens instalada numa faixa de território
que se estende por 12,9 km no sul do Líbano protegia cidades e povoados do
norte de Israel dos ataques. Israel também havia dito repetidamente que se
retiraria completamente do Líbano em troca de uma situação de segurança
estável em sua fronteira norte.

Israel retirou todos os seus soldados do sul do Líbano em 24 de maio de 2000,
encerrando 22 anos de presença militar na área. A retirada de Israel foi
conduzida em coordenação com a ONU, segundo a qual constituiu o
cumprimento israelense de suas obrigações conforme a Resolução 425 do
Conselho de Segurança (1978).

Israel esperava que o governo libanês instalasse em seguida o seu exército
ao longo da fronteira sul para desarmar os terroristas e manter a ordem, mas
isso não ocorreu, apesar das críticas de Estados Unidos e das Nações Unidas.26
"A partir de um ponto ao norte, nós ditamos as regras", disse o ministro da
defesa libanês, Kalil Hrawi, "e desde um certo ponto ao sul não há presença
de forças armadas e o Hezbolá coordena suas ações por conta própria".27
Portanto, o Hesbolá continua a desfrutar de livre trânsito na região,
ameaçando a fronteira norte de Israel.


MITO
"Israel ainda não cumpriu as exigências da ONU
para se retirar completamente do Líbano devido
à sua ocupação ilegal das fazendas de Shebaa".


FATO
Apesar da declaração das Nações Unidas de que Israel concluiu sua retirada
do sul do Líbano,28 o Hezbolá e o governo libanês insistem que Israel ainda
retém território libanês a leste do Monte Dov, uma área praticamente
desabitada, de 259 km2, conhecida como Fazendas de Shebaa. Essa
reivindicação dá ao Hezbolá um pretexto para continuar suas atividades
contra Israel. Assim, após seqüestrar três soldados israelenses nessa região,
anunciou que eles haviam sido capturados em solo libanês.

Israel, que tem construído uma série de postos de observação no topo de
colinas estratégicas na área, sustenta que a terra foi capturada da Síria; no
entanto, os sírios têm apoiado a reivindicação do Hezbolá. Segundo o
Washington Post, a controvérsia beneficia todas as partes árabes. "Para a
Síria, significa que o Hezbolá ainda pode ser usado para desestabilizar os
israelenses; para o Líbano, é um modo de exercer pressão sobre questões
como o retorno de prisioneiros libaneses ainda em prisões israelenses. Para o
Hezbolá, é uma razão para manter sua milícia armada e ativa, oferecendo de
imediato um novo objetivo para um movimento de resistência que, do
contrário, não teria a que resistir".29


MITO
"Israel atacou sem motivo as Forças de Paz da ONU no Líbano".

FATO
Em abril de 1995, as FDI montaram a Operação Vinhas da Ira para interromper
o bombardeamento pelo Hezbolá à fronteira norte. Durante a operação, a
artilharia israelense atingiu por engano uma base das Nações Unidas em Kafr
Kana, matando cem civis. Depois disso, foi criada a Joint Monitoring Machinery
(Organização para Monitoramento Conjunto), com representantes americanos,
franceses, sírios e libaneses, para proibir ataques sem motivo a populações
civis e o uso de civis como escudos humanos para atividades terroristas.


MITO
"A Síria é a favor da estabilidade no Líbano e sempre
respeitou a soberania e a independência desse país".


FATO
A Síria tem uma longa e sangrenta história de intervenção no Líbano e não
esconde sua esperança de converter o vizinho mais fraco em parte da Síria.

Desde a sua criação, em 1920, "a maioria dos sírios jamais aceitou o Líbano
moderno como um país soberano e independente".30
O estopim da Guerra Civil Libanesa, em 1975, deu a Damasco a oportunidade
de afirmar sua crença de que Líbano e Síria eram um só país.


"Se eles saírem de Shebaa, não deixaremos de combatê-los. Nossa
meta é libertar as fronteiras da Palestina de 1948... [Os judeus]
podem voltar para a Alemanha ou de onde quer que tenham
vindo".
- Hazan Ezedin Ezedin, porta-voz do Hezbolá.31


Em 1976, a Síria interveio na guerra civil libanesa em favor dos libaneses
cristãos. Em 1978, Damasco mudou de lado e passou a apoiar uma coalizão
esquerdista de palestinos, drusos e muçulmanos contra os cristãos.
Finalmente, as tropas sírias ocuparam dois terços do Líbano. A instalação
síria de baterias de mísseis terra-ar no Líbano e sua política de permitir que a
OLP e outros grupos terroristas atacassem Israel dali ajudou a provocar a
Guerra do Líbano de 1982.32

Durante a primeira semana da Operação Paz para a Galiléia, deflagrada por
Israel em junho de 1982, tropas sírias passaram a lutar contra as forças
israelenses. Os israelenses destruíram ou danificaram 18 das 19 baterias de
mísseis sírios e, num dia, derrubaram 29 aviões de combate MiG sírios sem
perder um único avião. Cuidadosamente, Síria e Israel evitaram confrontações
pelo restante da guerra.

No entanto, a Síria encontrou outras maneiras de agredir Israel. Em 1982, agentes
sírios assassinaram o presidente eleito Bashir Gemayel, que desejava a paz
com Israel. Dois anos depois, a Síria forçou o presidente Amin Gemayel, irmão
de Bashir, a rejeitar um tratado de paz assinado com Israel um ano antes.33

As atividades da Síria estavam dirigidas contra Israel e também contra o
Ocidente. Em abril de 1983, terroristas do Hezbolá, operando a partir do
território controlado pelos sírios, bombardearam a embaixada dos EUA em
Beirute, matando 49 pessoas e ferindo 120. Seis meses depois, lançaram
dois caminhões carregados de explosivos para dentro de acampamentos da
Marinha dos EUA e de militares franceses próximos a Beirute, matando 241
americanos e 56 soldados franceses.

Em 1985, ativistas do Hezbolá passaram a seqüestrar ocidentais nas ruas de
Beirute e outras cidades libanesas. Desde o início ficou evidente que os sírios
e seus colaboradores iranianos poderiam ordenar a liberação dos reféns
ocidentais a qualquer momento. Por exemplo, quando um francês foi
seqüestrado em agosto de 1991, os sírios exigiram que fosse libertado. Em
dias, ele estava livre. A maioria dos reféns era mantida no Vale do Bekaa ou
nos subúrbios de Beirute. Ambas as áreas estavam controladas pela Síria.
De 1985 a 1988, xiitas da milícia Amal, estreitamente alinhados com a Síria,
mataram centenas de civis palestinos em ataques a acampamentos de
refugiados.

Em outubro de 1990, com a atenção do mundo concentrada no Kuwait,
soldados sírios atacaram a fortaleza do general insurgente cristão Michel
Aoun em Beirute. Além dos mortos em combate, 700 pessoas foram
massacradas.34 Com esse ataque-relâmpago, Damasco eliminou o único
foco que ameaçava sua hegemonia no Líbano.

Em 22 de maio de 1991, o presidente libanês Elias Hrawi viajou a Damasco
para assinar um Tratado de Fraternidade, Cooperação e Coordenação com o
presidente sírio, Hafez Assad. O acordo declara que a Síria vai garantir "a
soberania e independência" do Líbano, apesar de Damasco ter permissão
para manter seu exército de ocupação naquele país.

Uma amostra das verdadeiras intenções da Síria veio do ministro da Defesa,
Mustafá Tlas, várias semanas antes da assinatura do tratado. Tlas previu que
a unidade entre os dois países seria alcançada "em breve, ou ao menos em
nossa geração".35

Desde a assinatura do tratado, a Síria tem exercido um rígido controle sobre
o Líbano e suprimido violentamente os que desafiam a sua dominação.


MITO
"A Síria tem feito o possível para impedir que
terroristas no Líbano ameacem a paz regional".


FATO
O Hezbolá recebe apoio financeiro e armamentos do Irã, em geral via
Damasco. O Hezbolá – que no início se limitava a lançar ataques com foguetes
Katyusha contra o norte de Israel e a emboscar soldados israelenses na zona
de segurança – nos últimos anos tem dirigido seus ataques a civis israelenses.

O exército libanês, equipado pela Síria, nunca enfrentou o Hesbolá e nem as
outras organizações terroristas, tais como a Frente Popular pela Libertação
da Palestina (FPLP), a Frente Popular pela Libertação da Palestina – Comando
Geral (FPLP-CG) e a Frente Democrática pela Libertação da Palestina (FDLP),
que têm bases no Vale do Bekaa, no Líbano oriental.

Na verdade, os sírios têm fornecido apoio incondicional a essas organizações.
A Síria usa esses terroristas como opção para manter um certo nível de
violência contra Israel e pressionar os israelenses para a negociação sobre as
Colinas de Golã. Perguntado sobre seu apoio a organizações terroristas como
o Hezbolá, Hafez Assad respondeu que essas de fato eram "patriotas e
militantes que lutavam pela liberdade e pela independência de seu país...
essas pessoas não podem ser chamadas de terroristas".36


MITO
"A Síria só interveio no Líbano porque
a Liga Árabe pediu que fizesse isso".


FATO
A Síria deslocou soldados para dentro do Líbano antes de receber a
aprovação da Liga Árabe. Damasco interveio em abril de 1976, depois
que o caudilho druso libanês Kemal Jumblatt rejeitou a exigência do
presidente sírio Hafez Assad de um cessar-fogo na guerra. O fato de
Jumblatt se recusar a suspender os ataques de suas forças contra cristãos
libaneses deu a Assad o pretexto de que necessitava para intervir.

Em junho de 1976, a Secretaria Geral da Liga Árabe convocou uma reunião na
qual Síria, Líbia, Arábia Saudita e Sudão concordaram em enviar soldados para
"impor a paz". Assad mandou muitos soldados, enquanto os demais líderes
nacionais despacharam apenas forças simbólicas.37 Em suma, o "endosso" da
Liga Árabe nada mais foi do que uma manobra de reconhecimento de um fato
consumado.


MITO
"Sírios e libaneses tratam bem os soldados israelenses
capturados e permitem que a Cruz Vermelha os visite".


FATO
Líbano e Síria têm maltratado rotineiramente os soldados israelenses que
capturam. É difícil para Israel obter qualquer informação sobre seus soldados
e os libaneses e sírios em geral negam permissão à Cruz Vermelha para
visitar os prisioneiros de guerra. Além disso, até os cadáveres dos israelenses
mortos em combate são freqüentemente mantidos como reféns, num esforço
para usá-los como elementos de barganha. Por exemplo, em setembro de
1991 Israel libertou cem prisioneiros libaneses xiitas em troca dos restos de
quatro soldados israelenses mortos no Líbano.

O piloto Ron Arad acidentou-se em 1986 e foi capturado por terroristas
xiitas. Israel tem oferecido libertar centenas de prisioneiros libaneses em
troca de informações sobre Arad, mas o Hezbolá tem se recusado a cooperar
e Arad foi dado como "desaparecido em ação" desde então.

Em 7 de outubro de 2000, três soldados israelenses – os sargentos Adi
Avitan, Benyamin Avraham e Omar Sawaid – foram seqüestrados pelo
Hezbolá. Eles foram capturados enquanto patrulhavam o lado sul (israelense)
da fronteira israelense-libanesa. Em 16 de outubro, o secretário-geral do
Hezbolá anunciou que sua organização mantinha um cidadão israelense,
Elchanan Tenenboim, que se acredita ter sido seqüestrado enquanto estava
numa viagem particular de negócios à Europa.

Os quatro israelenses foram mantidos incomunicáveis pelo Hezbolá. Os
captores negaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a outros
permissão para visitá-los. Em 1o de novembro de 2001, baseado numa nova
informação do serviço de inteligência, o rabino Israel Weiss, do Exército
israelense, declarou os soldados mortos. Seus restos ainda não foram recuperados.
Tenenboim foi mantido como refém até recentemente.


MITO
"O seqüestro, por Israel, do xeique Abdul Karim Obeid
em 1989, prolongou a crise dos reféns, levando à morte do
tenente-coronel William Higgins, executado em retaliação".


FATO
O tenente-coronel William Higgins, da Marinha americana, que servia nas
forças de paz da ONU no Líbano, foi seqüestrado e morto pelo grupo terrorista
xiita libanês Hezbolá. Irã e Síria, países que dão refúgio a terroristas, também
foram declarados culpados.

"Deveríamos ter o cuidado de recordar que não foram os Estados Unidos nem
Israel que causaram essa morte", afirmou o embaixador Paul Bremer, exchefe
do escritório do Departamento de Contra-Terrorismo de Estado. "Foi
um grupo de assassinos no sul do Líbano".38

A captura do xeique Obeid, considerado responsável pelo seqüestro de muitos
soldados israelenses, não deveria ser comparada ao seqüestro, por terroristas,
de civis inocentes e de um membro da força de paz da ONU. Como o Ocidente
demonstra pouca preocupação com os reféns israelenses, manter Obeid
cativo pode vir a ser o único trunfo de Israel para receber seus prisioneiros de
guerra de volta.


MITO
"Os ataques israelenses ao Líbano demonstram a
determinação de Israel de permanecer no país".


FATO
As Nações Unidas verificaram que Israel cumpriu sua obrigação de se retirar
do Líbano; contudo, o Hezbolá, dotado de uma enorme variedade de
armamentos e posicionado ao longo da fronteira internacional, tem atacado
repetidamente alvos israelenses, emboscado e seqüestrado soldados e
atormentado moradores de povoados israelenses no norte com o objetivo de
provocar uma escalada nas hostilidades.

Israel tem pedido sistematicamente, com o respaldo das Nações Unidas e
dos Estados Unidos, que o Líbano posicione seu exército no sul e desarme
os guerrilheiros. Tendo em vista que a Síria efetivamente controla o Líbano,
Israel considera ambos os governos responsáveis pelo fracasso das
tentativas de impedir as provocações do Hezbolá, fracasso que tem forçado
Israel a adotar medidas preventivas e retaliatórias a fim de proteger seus
cidadãos e soldados.



Notas
1 Jillian Becker. The PLO. Londres: Weidenfeld and Nicolson, 1984, pág. 202, 279.
2 Jerusalem ReportPost (28 de junho de 1982).
3 Raphael Israeli, ed. PLO in Lebanon. Londres: Weidenfeld and Nicolson, 1983, pág.7.
4 Becker, pág. 205.
5 Washington Post (16 de junho de 1982).
6 Israeli, pág. 26-28.
7 Entrevista com a Televisão de Israel (23 de julho de 1982).
8 Los Angeles Herald Examiner (13 de julho de 1082), citado em Becker, pág. 153.
9 New York Times (21 de junho de 1982).
10 New York Times (14 de julho de 1982).
11 Washington Post (25 de junho de 1982).
12 New York Times (3 de julho de 1982).
13 Joshua Muravchick. Misreporting Lebanon, Policy Review (inverno de 1983), pág. 60.
14 Muravhcik, pág. 60.
15 Zeev Schiff e Ehud Yaari. Israel’s Lebanon War. New York: Simon and Schuster,
1984, pág. 70.
16 Becker, pág. 212.
17 Schiff and Yaari, pág. 257.
18 Washington Post (18 de fevereiro de 1983).
19 New York Times (19 de outubro de 1990).
20 Becker, pág. 212.
21 Washington Post (30 de janeiro de 2001).
22 Washington Pos (30 de janeiro de 2001).
23 Conselho de Segurança endossa a conclusão do secretário-geral sobre a retirada de
Israel do Líbano em 16 de junho, United Nations Press Release (18 de junho de 2000).
24 Washington Post (30 de janeiro de 2001).
25 New Yorker (14 de outubro de 2002).
26 Daniel Pipes. Damascus Courts the West. District of Columbia: The Washington
Institute for Near East Policy, 1991, pág. 26.
27 Becker, pág. 204-205.
28 Patrick Seale. Asad. Berkeley: University of California Press, 1988, pág. 417.
29 Pipes, pág. 27.
30 Al-Hayat (9 de maio de 1991).
31 Al-Baath (18 de fevereiro de 1992); Washington Post (31 de julho de 1991).
30 Becker, pág. 131.
31 Near East Report (7 de agosto de 1989).

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